Em 2007, ao ser contratada para realizar um projeto para um edifício, atuei sob uma larga calçada, já que nela haviam sido instalados fradinhos, mobiliário de aço usado como mecanismo para impedir que o local se transformasse em estacionamento. Optei por criar ali um ambiente urbano, e nele incluir algumas frases de autores do urbanismo sobre a ocupação da cidade. Como a obra de arte estava fora do edifício, para garantir sua permanência, foi necessário documentar junto à Secretaria de Municipal de Urbanismo e Serviços Públicos de Florianópolis (SUSP).
Durante o processo de instalação, fui abordada por um morador que exigia a retirada dos bancos que compõem a obra, sob a alegação de que facilitaria a reunião de pessoas indesejáveis. Esse encontro marcou a relevância política do trabalho desde sua instalação, levantando questões como: Devemos continuar negando a rua e criando “ilhas urbanas”, cidades dentro da cidade? Assim, Ambiente Urbano (2008) é uma obra que simboliza uma preocupação com a criação de ambientes urbanos mais lúdicos e mais humanizados e deflagra uma importante questão para a cidade contemporânea, que é a negação da rua. Afinal, “de uma cidade não aproveitamos as suas sete ou setenta maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas” (CALVINO, 1990, p.44).