O SOL, 2016

“Tropeçando em palavras como nas calçadas, topando imagens desde há   muito já sonhadas” (BAUDELAIRE, 1985, p. 319)

As poesias de Cruz e Sousa e de Charles Baudelaire foram relacionadas, respectivamente, em duas obras: a primeira intitulada: A metáfora do esgrimista (2011), localizada no Centro de Florianópolis; e a outra O Sol, 2016, Estreito.

O título da primeira, não apareceram na obra, somente embasa o processo criativo, simboliza o ato metafórico, de gravar poesias nas calçadas, anunciado por Baudelaire na poesia O Sol. Com a expressão o poeta desejava falar do duelo em que o artista se envolve, e ao mesmo tempo como artísticos os traços marciais.  A poesia Aspiração, que Cruz e Sousa fez para Julieta dos Santos, foi gravado com jato de areia, na calçada na rua Ferreira Lima, 199, Centro.  E parte dela, fundidos em duas placas de bronze (tampas de bueiros). “Enquanto tu fulgires nas alturas eu errarei nas densas espessuras da  terra sob a rigidez do asfalto”; Em outra extremidade da calçada, um facho de luz rompe o solo, circundado pela continuação da poesia, “… Embalde o teu clarão me enleva e calma”. (Cruz e Sousa)

Na poesia O Sol, Baudelaire fala sobre a dificuldade de alguns artistas entenderem “quanto trabalho se requer para fazer com que de uma fantasia nasça uma obra de arte” (BAUDELAIRE apud BENJAMIN, 1994).

Quando o impiedoso Sol arroja seus punhais

Sobre a cidade o campo, os tetos e os trigais,

Exercerei a sós a minha estranha esgrima

Buscando a cada canto os acasos da rima,

Tropeçando em palavras como nas calçadas,

Topando imagens desde há muito já sonhadas

(BAUDELAIRE, 1985, p. 319)

  

A poesia O Sol de Baudelaire, foi escrita em aço fundido em uma calçada labiríntica, localizada na rua Orlando Odílio Koerich, 210, Estreito. Nela dou prosseguimento na relação entre os poetas simbolistas, através de dois faróis cada um em um ponto da cidade. Foi a relação que encontrei para explicitar a inegável influência da intuição e lógica imaginativa de Baudelaire, na obra do nosso mais célebre poeta simbolista Cruz e Sousa. Além das poesias dos autores serem gravadas nas calçadas, no centro um facho de luz rompe o solo, circundado pelo título da obra O Sol. Além de poesias gravadas nas calçadas, ambas possuem faróis, que simbolizam a conexão entre os dois poetas simbolistas.

Localização: Rua Orlando Odílio Koerich, 210 Estreito – Florianópolis – SC – Brasil.

 

 

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