II Mostra Sesc de Cinema branCURA ganhou destaque em direção de arte

 

O curta-metragem branCURA  ganhou destaque em Direção de Arte na II Mostra Sesc de Cinema em 2018, o que me alegra muito como diretora e também como diretora de arte, função que  dividi com Policarpo Graciano.

A arte não está somente na construção estética, mas na  construção dramatúrgica também. A protagonista Aimèe ( Angélica Mahfuz), é uma artista visual, e, é através dos seu imaginário que o espectador entra em contato com o filme. São diversas as referências da História da Arte na construção do roteiro do filme, algumas intencionais (citações) e outras que foram surgindo, mesmo depois do roteiro escrito.

A cena em que Aimèe está diante do “quadro-armário”, que é uma reprodução da obra Composição com vermelho, amarelo e azul (1935-1942) de Piet Mondrian, é uma referência direta à fotografia Le Violon d’Ingres, de Man Ray. Com lápis e tinta, Man Ray transforma o corpo de Kiki (uma das primeiras mulheres verdadeiramente independente do início do século XX) em um objeto, um violino, isso porque o violino era também um hobby do pintor Ingres. A intenção foi trazer para discussão o papel das mulheres nas artes visuais, na condição de musa, que, ao mesmo tempo, se converte em um objeto.  Se tratamos no filme, sobre a violência contra a mulher, a arte precisava perpassar tudo isso. E se em algum momento, esse em que entregamos o enquadramento para o exotismo da mulher promovido na história da Arte por Man Ray. Em outro ele foi pensado pelos olhos de Frida Kahlo.  Henry Ford Hospital – La cama volando, inspirou, esteticamente, a cena do hospital. Para, então, olhar para o corpo da mulher de outras formas; entender que se trata de um corpo que sente, que sofre.

 

O título do filme é motivado pela ideia lacaniana de que a arte se constrói em torno do vazio (branco), o artista tem na criatividade uma forma de restabelecer seus laços com o mundo (CURA). ” Simultânea, porque é vazio não é posterior ao que é dito, como poderíamos crer ao pensar no silêncio que se segue a todo discurso ou nos espaços “brancos” que pontuam a fala”. (Anne Cauquelin, 2006) A arte começa onde o que não pode ser dito, pode ser mostrado e, até mesmo exibido. Então, o suspeito é olhado pela obra de arte, o que pode lhe provocar um efeito perturbador.

Giovana Zimermann

Para saber mais acesse: ARTIVISMO: OS TRÊS TEMPOS PARA O EMPODERAMENTO – REDISCO

“E, ao criar sua narrativa complexa, Giovana Zimermann, transcende experimentações e regras no movimento musical das imagens. “branCura” é um filme/sonho, ilustrado com imagens delicadas e poderosas…” Luiz Rosemberg Filho BranCura: Um Desabafo Poético

Você também vai gostar

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *