Durante a pandemia, estamos vivendo uma existência recheada de incertezas, no entanto, continuamos interpelados e convocados por discursos virtuais incessantes, que nos envolvem numa trama de inumeráveis lives de entretenimento, mas a fragilidade é anunciada em um casulo impensado. A linguagem se formou a milênios. Eu me alimento de tudo o que está fora, articulando meu pensamento com o que está no entorno dele, comemos o que está fora, raramente somos chamados ao conhecimento próprio. Qual é a relação entre o Ser e o pensamento? Será necessário “comer a si mesmo” (auto = eu) (fagia = comer)? A transformação da lagarta em borboleta implica autofagia, é difícil perturbar uma lagarta dentro de seu casulo, ela tem a certeza de que será livre no futuro, vislumbra o que permanece oculto. Mas, e o nosso futuro? A obra tenciona falar sobre o presente momento de isolamento, ou seja, um momento em que vivenciamos uma espera latente. Um “casulo autofágico” é a dupla virtude, a capacidade simultânea de proteger-se e nutrir-se, digerindo a espera.