Faz vinte anos que eu trabalhando com arte pública, e, inserir arte no espaço urbano, é como adornar o corpo da cidade, é assim que eu relaciono o grafite com a tatuagem. Então eu decidi fazer uma coleção de joias comemorativa desses vinte anos, e escolhi a obra “Saneamento básico”, criada em 2009, que está relacionada com os mistérios do urbano. Iniciou como um dispositivo efêmero, que eu costumava adesivar nas novas paisagens urbanas, acreditando que “é necessário um olhar estrangeiro, para descobrir a cidade”. Eu me aproprio da expressão “saneamento básico”, vital para a saúde física, para fazer refletir sobre o que está oculto no corpo urbano.
Agora transformada em joia, não só para adornar, mas como suporte, para carregar mensagens potentes no corpo humano. Uma delas é a célebre frase Simone de Beauvoir “On ne naît pas femme, on le devient” [Ninguém nasce mulher: torna-se mulher] fala da mulher como figura do Outro, como figura alienada pela cultura masculina dominante. É uma frase que inspirou os movimentos feministas, ela é uma espécie de síntese de sua obra Le Deuxième Sexe [ O segundo sexo].